A programação diagonal é uma abordagem estratégica que desempenhou um papel essencial na evolução da televisão, especialmente no contexto da TV por assinatura. Ela surgiu como uma alternativa ao modelo tradicional de grades verticais e horizontais, permitindo maior flexibilidade para espectadores e emissoras. Neste artigo, exploramos os conceitos, exemplos históricos e a importância dessa estratégia tanto para a TV aberta quanto para a por assinatura.
O que é Programação Diagonal?
A programação diagonal é um modelo de organização de grade televisiva que se destaca por sua flexibilidade. Diferentemente da programação horizontal, onde o mesmo programa é exibido no mesmo horário todos os dias, ou da vertical, que agrupa conteúdos complementares em sequência, a diagonal aposta em reexibições programadas em horários variados ao longo da semana.
Seu principal objetivo é atender a diferentes perfis de audiência, permitindo que conteúdos importantes sejam acessíveis para quem não pode assisti-los em horários tradicionais. Além disso, é uma estratégia eficaz para canais que buscam maximizar o alcance de suas produções e fidelizar públicos diversos.
Como Funciona a Programação Diagonal?
A programação diagonal combina elementos das grades verticais e horizontais. Isso significa que:
– Programas são exibidos em um horário inicial e reexibidos em horários alternativos durante a semana.
– O objetivo é atingir públicos diferentes, que possuem rotinas ou preferências de consumo distintas.
Por exemplo, um filme que estreia na noite de sábado em um canal por assinatura pode ser exibido novamente na tarde de terça-feira, garantindo que tanto o público do horário nobre quanto o público vespertino tenham acesso ao conteúdo.
Exemplos Históricos de Programação Diagonal
1. TV por Assinatura nos Estados Unidos
Nos anos 1970 e 1980, canais como a HBO e a ESPN foram pioneiros na aplicação da programação diagonal. Eles reexibiam filmes e eventos esportivos em horários variados para garantir que diferentes perfis de audiência pudessem assistir:
– HBO: Reexibia filmes populares em diferentes horários durante a semana, incluindo madrugadas e fins de tarde.
– ESPN: Jogos importantes eram reprisados para atender tanto ao público noturno quanto ao público diurno.
2. A Chegada da TV por Assinatura no Brasil
Com o crescimento da TV paga nos anos 1990, canais como Telecine e Multishow adotaram a programação diagonal para se diferenciar da TV aberta. Essa estratégia permitiu que filmes, séries e shows fossem exibidos em horários alternativos, aumentando o alcance do conteúdo:
– Telecine: os filmes estreavam no sábado à noite e eram reprisados na tarde de domingo ou ao longo da semana.
– Multishow: Programas de viagens ou musicais eram exibidos em diferentes horários para capturar audiências variadas.
3. Influência na TV Aberta
Embora a programação diagonal fosse mais associada à TV por assinatura, emissoras abertas no Brasil também aplicaram elementos dessa estratégia. O SBT, por exemplo, reexibia novelas e programas de auditório em horários alternativos para captar audiências que não podiam assistir em tempo real:
– Exemplo: “Viva a Noite”, exibido aos sábados, teve reprises aos domingos, atingindo públicos adicionais; o que posteriormente, com base na audiência da exibição do domingo, fez com que o programa saísse do sábado e fosse rebatizado de “Domingo Legal”.
4. Era Digital e Streaming
Com o advento do streaming, a lógica da programação diagonal ganhou nova vida. Plataformas como Netflix e Amazon Prime Video adotaram sistemas de recomendação e estreias semanais que replicam elementos dessa estratégia.
A Importância da Programação Diagonal para a TV
A programação diagonal é crucial por vários motivos:
1. Maior Alcance de Audiência
Essa abordagem garante que conteúdos relevantes sejam acessíveis a um público mais amplo, independente de suas rotinas. Isso é especialmente importante para canais que competem com múltiplas opções de entretenimento.
2. Flexibilidade de Consumo
Ao oferecer horários alternativos, a programação diagonal respeita as diferentes necessidades dos espectadores, garantindo maior liberdade de escolha, algo essencial na era digital.
3. Fidelização do Público
A reexibição de conteúdos em horários variados ajuda a criar hábitos de consumo e mantém o público conectado à emissora.
4. Rentabilidade
Essa estratégia maximiza o retorno sobre o investimento em produções, já que aumenta a exposição de conteúdos importantes sem a necessidade de novos investimentos em programação.
5. Evolução para o Futuro
Com a popularização da TV conectada e do streaming, a lógica da programação diagonal continua a inspirar novas formas de consumo de conteúdo, como a oferta de reprises on-demand ou estreias em diferentes horários.
Por fim…
A programação diagonal representa uma inovação importante na história da televisão, proporcionando flexibilidade tanto para espectadores quanto para emissoras. Sua aplicação, desde os primórdios da TV por assinatura até o ambiente digital atual, demonstra sua relevância e capacidade de adaptação.
Com a evolução das tecnologias, a programação diagonal continua a ser uma ferramenta essencial para captar e fidelizar audiências em um mercado competitivo. Seja na TV aberta, por assinatura ou no streaming, ela reafirma sua posição como uma estratégia eficaz para conectar conteúdos a públicos diversos.
Professor universitário desde 2005, é mestre em comunicação e especialista em criação visual e multimídia. Trabalhou em importantes faculdades e colégios técnicos de São Paulo e Santo André. Radialista de formação, teve passagem por emissoras de TV e Produtoras de TV e Internet. Atualmente dirige a TeleObjetiva e coordena os cursos de Rádio, TV e Internet; Produção Audiovisual e Fotografia da FAPCOM, além da comissão própria de avaliação (CPA) da instituição.