A trajetória de Wagner Gallo é um exemplo de como a arte pode transformar vidas e cidades. Escultor, artista plástico e coordenador do Museu de Jandira, Gallo iniciou seu percurso artístico ainda criança, por meio da taxidermia. Aos 12 anos, já trabalhava com a preservação de animais, técnica que exige conhecimento profundo de anatomia e habilidades de escultura. Essa prática, embora científica, foi o ponto de partida para seu envolvimento com a arte, levando-o mais tarde à formação em Belas Artes e a uma carreira marcada por obras que hoje integram a paisagem urbana de Jandira, em São Paulo.
Com um olhar voltado tanto ao passado quanto ao futuro, Wagner Gallo não apenas esculpe figuras, mas ajuda a moldar a memória cultural da cidade. Seu trabalho se estende da criação de monumentos públicos ao desenvolvimento do acervo histórico do Museu de Jandira. Ele é também uma voz crítica quanto ao papel do artista no Brasil, destacando as dificuldades enfrentadas por quem se dedica à arte, especialmente fora dos grandes centros culturais.
Wagner Gallo é o convidado da décima primeira edição do Papo com Marcos Torquato, produção da TeleObjetiva em parceria com o jornalista Marcos Torquato
O talento de Wagner Gallo : da taxidermia à escultura clássica.
A trajetória de Wagner Gallo começou de forma inusitada. Ainda na adolescência, o contato com a taxidermia despertou seu interesse pela forma e pela anatomia, competências que seriam fundamentais na escultura. Trabalhando no Museu zoológico da USP, aprendeu que o realismo na reprodução de animais exigia mais do que técnica: era preciso compreender volumes, proporções e expressões. Esse aprendizado o motivou a estudar na faculdade Belas Artes, onde se encontrou definitivamente com a escultura clássica, abandonando a taxidermia aos 22 anos para se dedicar exclusivamente à arte.
Sua formação acadêmica aprimorou habilidades que já eram intuitivas, permitindo-lhe desenvolver um estilo próprio, ao mesmo tempo rigoroso e sensível. Gallo acredita que a escultura é uma arte que exige paciência e um processo quase artesanal. Da modelagem em argila ao molde em gesso e à fundição em bronze ou alumínio, cada etapa é meticulosamente executada. “O escultor é um operário da forma”, define o artista.
Entre suas obras mais notáveis estão o busto de Serafim e a escultura de Dorvalino, ambos em Jandira. O busto de Serafim, encomendado pelo Dr. Fábio Fonseca, foi seu primeiro trabalho remunerado e representa um marco em sua carreira. Já o monumento a Dorvalino, ex-prefeito da cidade, é um tributo à força do povo e à liderança local. Ambas as obras foram financiadas pelo Dr. Fábio, considerado por Gallo como um verdadeiro mecenas moderno.
Wagner Gallo é o entrevistado da 11a edição do Papo com Marcos Torquato
Museu de Jandira: memória viva e compromisso com a educação
Além das esculturas, Wagner Gallo também coordena o Museu de Jandira, instalado na primeira construção da cidade. Restaurado com o apoio do Dr. Fábio Fonseca, o museu foi concebido como um espaço para tornar a história de Jandira acessível à população, sobretudo aos estudantes. Para Gallo, é fundamental que a cultura local seja transmitida de forma dinâmica, indo além dos livros e promovendo experiências vivas com o patrimônio.
O acervo conta com fotografias históricas, objetos simbólicos como o tijolo da antiga olaria de Henrique Sammartino e uma proposta de exposições rotativas que aproximem a comunidade de sua história. Um dos objetivos atuais é a formação de monitores a partir de parcerias com a Escola e Faculdade Sesi, visando receber grupos escolares e ampliar o alcance pedagógico da instituição.
Segundo Gallo, o museu deve ser um organismo em constante transformação. “Queremos que as crianças enxerguem na história da cidade a história delas também”, afirma. O artista considera a educação uma ferramenta essencial para a valorização da arte e da memória coletiva. Ao articular seu trabalho artístico com a preservação do patrimônio, Gallo reforça seu papel como agente cultural e educador.
Wagner Gallo e o compromisso com a identidade local
A atuação de Wagner Gallo transcende a escultura. Ele é um exemplo de como o artista pode ser também um educador, um historiador e um articulador da memória coletiva. Suas obras públicas em Jandira não apenas embelezam o espaço urbano, mas contam histórias e reforçam identidades. Sua visão crítica sobre a falta de valorização da arte no Brasil, em contraste com a reverência à cultura nos países europeus, revela uma consciência profunda sobre o papel do artista na sociedade.
Ao coordenar o Museu de Jandira e ao produzir esculturas de figuras importantes da cidade, Gallo materializa memórias e transforma o cotidiano em cultura. Seu trabalho é, ao mesmo tempo, celebração e resistência: celebração da história de Jandira e resistência à invisibilidade que a arte muitas vezes enfrenta. Em tempos de superficialidade digital, sua dedicação à forma, ao detalhe e à permanência é um lembrete poderoso de que a arte verdadeira nasce do compromisso com o tempo, a história e as pessoas.
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