Desde o surgimento dos jornais, a sociedade acostumou-se a consumir informação dos veículos estabelecidos: jornais, revistas, rádios e emissoras de TV.
Com a popularização da internet e de ferramentas que permitiram a publicação de sites e blogs, teve início o movimento do conteúdo criado pelo usuário. Popularmente chamada à época de Web 2.0, o movimento contrapunha as experiências dos primeiros anos de internet pública, no qual os grandes veículos dominavam a web com a cópia do conteúdo disponibilizado no meio impresso.
Em 2003 o pesquisador André Lemos intitulou esse movimento como “liberação do pólo de emissão”. Neste conceito como o conteúdo poderia ser produzido por qualquer pessoa, o pólo de emissão das informações deixava de ser centralizado nos veículos tradicionais e passava a estar pulverizado entre todos.
Dois anos após o estudo de André Lemos o YouTube entrou no mercado. Inicialmente como uma plataforma para a publicação de vídeos domésticos, logo o portal disponibilizou a opção para a gravação de vídeos usando para isso uma webcam. Desde então o YouTube passou a ser uma importante ferramenta para a expressão de informações e opiniões pessoais. Logo tornou-se um portal de blog em vídeo, chamado à época de Vlog.
A chegada das TVs Conectadas (Smart TVs) ao mercado (final da década de 2000) elevou a questão a um outro patamar. O conteúdo disponível em portais de vídeos passou a ser disponibilizado na tela da televisão, concorrendo com canais tradicionais e por assinatura. O mesmo controle remoto que permite sintonizar um canal de TV Aberta permite escolher um conteúdo publicado no YouTube. E o conceito de canal deixa de ser apenas um fluxo linear de programação, como ocorre na televisão, e passa a ser um meio para consumo de informação, independente do tempo presente da veiculação.
A partir das ferramentas de monetização e do barateamento dos equipamentos para gravação e edição de videos, observa-se uma crescente profissionalização das produções disponibilizadas no YouTube e em outras redes sociais que permitem a publicação de vídeos. Quem ganha com isso é o público, que passa a ter outras fontes de conteúdo de qualidade e a possibilidade da pluralidade de informações e opiniões.
Para mais informações sobre o conceito de Liberação do polo de emissão:LEMOS, André; CUNHA, Paulo (Orgs). Olhares sobre a Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003.
Disponível em: https://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/cibercultura.pdf
Professor universitário desde 2005, é mestre em comunicação e especialista em criação visual e multimídia. Trabalhou em importantes faculdades e colégios técnicos de São Paulo e Santo André. Radialista de formação, teve passagem por emissoras de TV e Produtoras de TV e Internet. Atualmente dirige a TeleObjetiva e coordena os cursos de Rádio, TV e Internet; Produção Audiovisual e Fotografia da FAPCOM, além da comissão própria de avaliação (CPA) da instituição.