A exploração urbana, ou urbex, tem conquistado cada vez mais espaço nas redes sociais, transformando ruínas e estruturas abandonadas em registros estéticos e históricos. No Brasil, o perfil @je_abandonedplaces, no Instagram, é um dos expoentes dessa prática, dedicando-se a documentar, por meio da fotografia, espaços esquecidos que guardam histórias silenciadas pelo tempo.
A exploração urbana como gesto de memória e arte
A palavra-chave exploração urbana é mais do que um termo técnico: trata-se de um movimento visual, poético e até político. Através das lentes do perfil, acompanhamos visitas a olarias desativadas, locomotivas abandonadas, motéis em ruínas e construções industriais engolidas pela vegetação. Os locais visitados estão majoritariamente no interior de São Paulo, revelando uma geografia do abandono pouco conhecida, mas extremamente rica em potencial simbólico.
Um olhar fotográfico sobre o esquecimento
A seleção dos espaços visitados
Ao contrário de outros perfis de exploração urbana que priorizam metrópoles ou pontos turísticos “macabramente” famosos, @je_abandonedplaces aposta em locais cotidianos, de forte relevância regional. As cidades de Itu, Sertãozinho, Ribeirão Preto, entre outras, tornam-se protagonistas de uma narrativa silenciosa que revela o impacto do tempo, das políticas urbanas e da obsolescência programada sobre o espaço físico.
Entre os destaques, estão registros de trens em repouso permanente, parques aquáticos desativados, pavilhões industriais que já não operam e olarias transformadas em ruínas. Cada imagem comunica mais do que estética — evoca passado, trabalho, memória e abandono.
A composição e o uso da luz natural
O que diferencia o perfil não é apenas o que se fotografa, mas como se fotografa. As imagens de @je_abandonedplaces são cuidadosamente compostas, com atenção à luz natural, ao enquadramento e às texturas que emergem das superfícies corroídas. Portas entreabertas, rachaduras, infiltrações e sombras compõem uma paleta visual que valoriza a beleza da imperfeição.
Essa abordagem dá ao conteúdo um caráter quase documental, mas com forte sensibilidade artística. A exploração urbana, aqui, deixa de ser um simples registro de decadência e se transforma em arte visual com camadas de interpretação.
O papel simbólico e histórico da exploração urbana
Locais abandonados como espelhos do tempo
Cada espaço esquecido tem uma história a ser contada — ou ao menos sugerida. Ao registrar lugares onde o tempo parece ter parado, o perfil propõe uma reflexão sobre o que é considerado valioso em nossa cultura urbana. Por que alguns locais são preservados e outros, ignorados? Quais memórias são apagadas junto com essas paredes que desabam?
Ao publicar esses registros, @je_abandonedplaces não apenas documenta a ruína, mas resgata histórias que poderiam desaparecer. É como se cada imagem dissesse: “Aqui havia vida, trabalho, sonho”. A fotografia se torna, assim, um ato de resistência ao esquecimento.
A ruína como crítica urbana e poética
A estética da ruína, cultivada de maneira respeitosa pelo perfil, também funciona como uma crítica ao descaso com o patrimônio. Em tempos de verticalização excessiva, gentrificação e descaracterização das cidades, a exploração urbana apresenta um outro ritmo: o da contemplação. A beleza aqui não está no novo, no polido, mas no que o tempo e o abandono deixaram à vista.
Essa estética, muitas vezes marginal, ganha força ao ser compartilhada nas redes. O público se conecta, reage, relembra — e, de certa forma, participa do ato de preservar simbolicamente o que já não está de pé.
Apoie e acompanhe o @je_abandonedplaces
O trabalho realizado por @je_abandonedplaces é um exemplo de como a exploração urbana pode ser uma ferramenta de arte, crítica e preservação simbólica. Através da fotografia, o perfil resgata espaços esquecidos, propõe reflexões sobre o tempo e a cidade, e transforma ruínas em narrativas visuais tocantes.
Se você se interessa por memória urbana, arquitetura esquecida e a beleza do que foi deixado para trás, vale muito a pena acompanhar o projeto.
Acesse o canal oficial do @je_abandonedplaces e apoie esse trabalho independente:
- Instagram: @je_abandonedplaces
Compartilhe, curta e recomende. Cada interação fortalece a continuidade do projeto e ajuda a manter viva a memória dos espaços que o tempo insiste em apagar.
Professor universitário desde 2005, é mestre em comunicação e especialista em criação visual e multimídia. Trabalhou em importantes faculdades e colégios técnicos de São Paulo e Santo André. Radialista de formação, teve passagem por emissoras de TV e Produtoras de TV e Internet. Atualmente dirige a TeleObjetiva e coordena os cursos de Rádio, TV e Internet; Produção Audiovisual e Fotografia da FAPCOM, além da comissão própria de avaliação (CPA) da instituição.