Na fotografia e no vídeo, a lente (objetiva) não é apenas uma ferramenta; é um meio criativo que define o caráter visual de cada imagem. As lentes normais, teleobjetivas e grande angulares têm aplicações distintas e desempenham papéis cruciais na captura de diferentes perspectivas e narrativas. Este guia técnico explora as características de cada tipo de lente, sua relação com a distância focal e o sensor da câmera, além de seus usos práticos.
A Relação entre Distância Focal e Sensor: A Base da Escolha
A relação entre a distância focal de uma lente e a diagonal do sensor da câmera desempenha um papel fundamental na determinação do campo de visão e na perspectiva das imagens capturadas. A distância focal é a medida da distância entre o ponto de foco principal da lente e o plano onde a imagem é formada quando a lente está ajustada para focar em infinito. Por outro lado, a diagonal do sensor representa a distância entre dois cantos opostos do sensor de imagem da câmera.
Quando a distância focal de uma lente é próxima ou igual à diagonal do sensor da câmera, consideramos essa lente como uma “lente normal”. Isso ocorre porque essa relação resulta em um campo de visão semelhante ao que o olho humano percebe naturalmente, criando uma perspectiva que parece familiar e não distorcida.
Se a distância focal for menor que a diagonal do sensor, a lente é considerada “grande angular“. Nesse caso, a perspectiva ampla capturada pela lente abrange uma área maior do cenário, o que pode criar uma sensação de expansão e distorção na imagem, especialmente quando se fotografam objetos próximos.
Por outro lado, se a distância focal for maior que a diagonal do sensor, estamos lidando com uma “teleobjetiva“. Essas lentes têm a capacidade de ampliar objetos distantes, comprimindo a perspectiva e fazendo com que objetos pareçam mais próximos uns dos outros, mesmo que estejam a uma grande distância.
Em resumo, quando a distância focal da lente se aproxima da diagonal do sensor, a perspectiva reproduz o que o olho humano percebe, criando imagens naturais. Distâncias focais maiores comprimem a cena (teleobjetivas), enquanto distâncias menores ampliam o campo de visão (grande angulares).
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Lentes Normais: O Equilíbrio da Perspectiva
As lentes normais, também conhecidas como lentes padrão, têm uma distância focal que é aproximadamente igual à diagonal do sensor ou do filme da câmera. Em câmeras full frame, ou seja, as que tem o sensor no tamanho equivalente ao filme 35mm (cujas medidas de cada frame – espaço para registro da foto – é de 24mm por 36mm, resultando em uma diagonal de 48mm), uma lente normal será a que tem a distância focal de 50mm. As lentes normais são caracterizadas por uma perspectiva que se assemelha à visão humana, resultando em uma aparência natural e sem distorções na imagem.
Essas lentes são ideais para retratos e fotografia de rua, onde a intenção é criar imagens que pareçam familiares e próximas à experiência visual humana. Além disso, boa parte das lentes normais de distância focal fixa têm aberturas maiores do diafragma, que permitem a captura de bokeh (desfoque) suave e desfocado no fundo, isolando o sujeito do plano de fundo.
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Teleobjetivas: Enquadrando o Distante com Precisão
As lentes teleobjetivas têm uma distância focal maior do que a das lentes normais, o que as torna capazes de ampliar objetos distantes. Elas são caracterizadas por distâncias focais acima de 70mm e, frequentemente, chegam a 200mm, 300mm ou mais. As teleobjetivas comprimem a perspectiva, fazendo com que objetos distantes pareçam mais próximos e ampliados na imagem.
Essas lentes são amplamente utilizadas em fotografia de esportes, vida selvagem e eventos, onde o fotógrafo precisa alcançar assuntos que estão longe. As teleobjetivas também são ideais para retratos, pois proporcionam um fundo desfocado e isolam o sujeito. No entanto, devido à sua distância focal, podem ser mais difíceis de estabilizar e podem exigir o uso de tripés ou estabilizadores.
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Lentes Grande Angulares: Explorando Amplidão e Profundidade
As lentes grande angulares têm distâncias focais menores do que as lentes normais, geralmente abaixo de 35mm em câmeras full-frame. Elas têm a capacidade de capturar uma área de visão mais ampla, o que resulta em uma perspectiva ampla e expansiva. Isso faz com que objetos próximos pareçam maiores e objetos distantes pareçam mais distantes na imagem.
Essas lentes são ideais para fotografia de paisagens, arquitetura e cenários amplos, onde é necessário captar uma grande quantidade de detalhes e amplitude. No entanto, as lentes grande angulares podem causar distorções de perspectiva, como o efeito de “convergência” ao fotografar objetos próximos e podem requerer correção em pós-processamento.
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Por fim, antes da escolha da objetiva é importante…
Compreender os princípios por trás das lentes normais, teleobjetivas e grande angulares é essencial para explorar suas possibilidades criativas. Cada lente oferece um universo de perspectivas e possibilidades, dependendo da mensagem que o fotógrafo ou videomaker deseja transmitir. A escolha da lente certa, combinada com técnica e intenção, transforma cada clique ou gravação em uma narrativa visual poderosa.
Professor universitário desde 2005, é mestre em comunicação e especialista em criação visual e multimídia. Trabalhou em importantes faculdades e colégios técnicos de São Paulo e Santo André. Radialista de formação, teve passagem por emissoras de TV e Produtoras de TV e Internet. Atualmente dirige a TeleObjetiva e coordena os cursos de Rádio, TV e Internet; Produção Audiovisual e Fotografia da FAPCOM, além da comissão própria de avaliação (CPA) da instituição.