Conheça a trajetória artística de Cardozo Vieira

A trajetória artística de Cardozo Vieira é marcada pela sensibilidade, persistência e pelo profundo vínculo entre vida e criação. Em entrevista concedida ao canal da TeleObjetiva, o artista compartilhou passagens marcantes de sua carreira, desde as primeiras influências no Liceu de Artes até os projetos mais recentes, como “Sempre Pássaros”. Ao longo da conversa, fica evidente que a arte de Cardozo é não apenas uma forma de expressão, mas também uma resposta emocional e intelectual aos desafios enfrentados ao longo da vida.

Nascido e criado no Brasil, Cardozo enfrentou o cenário instável que muitos artistas conhecem bem: a necessidade de equilibrar a vocação com as exigências da sobrevivência. Ainda assim, construiu uma obra rica em simbolismo e profundidade, buscando sempre o diálogo com o público, seja através do realismo técnico, seja pelo impacto emotivo de suas criações.

Cardozo Vieira é o entrevistado da décima segunda edição do “Papo com Marcos Torquato“, produção da TeleObjetiva em parceria com o jornalista Marcos Torquato.

A arte de Cardozo Viera como linguagem entre o pessoal e o universal

Ao refletir sobre sua trajetória artística, Cardozo destaca a influência fundamental de mentores como Romildo Paiva, com quem teve contato logo após ganhar uma bolsa de estudos ao deixar um desenho esquecido em um banco. Esse acontecimento inusitado desencadeou uma sequência de oportunidades e aprendizados que moldaram a base de seu fazer artístico. A arte, para ele, não é apenas uma forma de expressão estética, mas uma linguagem que articula o pessoal e o universal.

Sua produção inicial era fortemente ligada ao expressionismo, marcada por traços intensos e interpretações subjetivas da realidade. No entanto, com o tempo, sua abordagem passou por uma transição para o realismo, não como negação da emoção, mas como forma de tornar a mensagem ainda mais acessível ao público. Essa mudança é, segundo ele, parte de um processo de maturação em que a técnica se alia ao propósito comunicativo.

Cardozo acredita que a obra de arte só se completa na interpretação do outro. Por isso, ele vê o espectador como coautor do processo artístico. Essa visão tem guiado sua atuação em diferentes projetos, sempre com a preocupação de que suas obras possam despertar reflexões e conexões, principalmente em tempos em que o diálogo parece cada vez mais raro.

Cardozo Vieira - Papo com Marcos Torquato - ep.#12

Experiências marcantes e o papel social do artista

Dentre os momentos mais emblemáticos de sua trajetória artística, Cardozo cita a exposição “Guerreiros”, onde representou personagens históricos não como figuras estáticas do passado, mas como arquétipos de força, sabedoria e resistência. O objetivo da mostra era provocar o público a refletir sobre as lutas contemporâneas a partir desses símbolos históricos. A proposta foi muito bem recebida e reforçou seu desejo de produzir uma arte comprometida com a consciência crítica.

Outro destaque em sua carreira foi a exposição realizada com a entidade japonesa Omoto. A experiência representou um intercâmbio cultural profundo, no qual a espiritualidade e a estética se encontraram em harmonia. Segundo Cardozo, o acolhimento de sua obra pelos representantes da Omoto mostrou que a arte, mesmo nas suas especificidades culturais, pode se comunicar universalmente.

Além das exposições, ele também fala sobre o aspecto comercial do trabalho artístico, tema frequentemente ignorado, mas essencial para quem vive da arte. Cardozo reconhece a importância das galerias e da estrutura do mercado, mas também critica sua instabilidade e exclusividade. Muitas vezes, artistas talentosos ficam à margem por não conseguirem se adaptar ao jogo comercial, o que reforça a necessidade de mais políticas públicas e apoio institucional.

A arte, para ele, deve resistir e persistir mesmo diante das adversidades. Isso se reflete em seus projetos pessoais, como “Sempre Pássaros”, uma série que homenageia o feminino através da representação de mulheres em transformação. Com esse trabalho, Cardozo busca dar voz à sensibilidade e à força que coexistem no universo feminino, criando imagens que desafiam estereótipos e convidam à empatia.

Um percurso sensível, firme e necessário

A trajetória artística de Cardozo Vieira é, acima de tudo, um exemplo de como a arte pode ser tanto um espelho quanto um farol. Espelho, ao refletir vivências pessoais intensas — como o episódio em que o artista foi inspirado pela febre do filho ou por um ataque epiléptico de um menino —, e farol, por iluminar caminhos de reflexão e transformação social.

O artista não separa a vida da arte. Para ele, tudo o que é vivido pode se tornar matéria-prima para uma obra, desde que seja filtrado por uma ética do sensível. A arte não precisa explicar o mundo, mas pode ajudar a senti-lo melhor — e é justamente aí que reside sua potência transformadora.

Cardozo encerra sua fala com uma convocação: que mais pessoas conheçam seu trabalho, visitem as galerias que o representam, explorem suas redes e participem desse processo contínuo de criação e interpretação. Sua voz se junta a de tantos outros artistas que resistem todos os dias, acreditando que a beleza e a emoção ainda têm lugar no mundo.

Site do artista: https://www.cardozovieira.com.br

Instagram: https://www.instagram.com/artcardozovieira/