A Record já foi FM: FM Record

A Record já foi FM: FM Record

FM Record surgiu como um marco na história do rádio brasileiro ao ser inaugurada em 27 de junho de 1977, em São Paulo. Idealizada por dois ícones da comunicação nacional, Paulo Machado de Carvalho e Silvio Santos, a emissora foi concebida para operar na frequência 89,7 MHz de São Paulo, apostando desde o início em uma programação voltada ao público adulto. Com uma curadoria musical sofisticada e a retransmissão de alguns conteúdos da tradicional Rádio Record AM, a FM Record consolidou-se como um canal diferenciado, que unia informação e entretenimento de forma equilibrada.

Durante seus 12 primeiros anos de operação, a emissora acompanhou de perto as transformações no comportamento do público e no mercado fonográfico. A mudança definitiva veio em junho de 1989, quando foi adquirida pelas Organizações Sol Panamby, do então político e empresário Orestes Quércia. A partir dessa nova fase, a FM Record foi rebatizada e passou a se posicionar junto ao público jovem, sintonizando-se com tendências internacionais e abrindo espaço para gêneros como Dance Music e Pop.

A trajetória da FM Record: qualidade, sofisticação e reinvenção.

Desde seu lançamento, a FM Record se destacou por apostar em um modelo de rádio que valorizava a música como expressão artística, promovendo gêneros como a MPB, o jazz e a música instrumental. Em plena era de ouro do rádio AM, a iniciativa de Silvio Santos e Paulo Machado de Carvalho representou um passo ousado em direção à segmentação da audiência. O público-alvo da FM Record era composto por ouvintes exigentes, que buscavam uma experiência sonora mais elaborada e estavam abertos à escuta atenta de obras complexas, longe do apelo massivo do pop comercial.

Amostra da programação da FM Record – disponível no YouTube

A emissora também marcou época por integrar sua grade com retransmissões da Rádio Record AM, o que permitia um trânsito fluido entre o jornalismo de qualidade, os programas de variedades e os blocos musicais refinados. O resultado foi a construção de uma identidade sólida, baseada em credibilidade, bom gosto e sintonia com as mudanças sociais e culturais que o país vivia no final da década de 1970 e ao longo dos anos 1980.

FM Record – Várig dona da Noite – 1982. Disponível no Youtube.

Esse período de consolidação foi, ao mesmo tempo, um momento de grandes transformações no universo radiofônico. O avanço da tecnologia FM e a melhoria na qualidade de som trouxeram um novo fôlego às emissoras que apostavam em inovação. A FM Record, nesse contexto, mostrou-se pioneira ao propor uma programação voltada à experiência auditiva, investindo também em profissionais capacitados e em uma comunicação mais próxima e sofisticada com seu público.

A nova fase da FM Record: da sofisticação à juventude

A virada na trajetória da FM Record aconteceu em junho de 1989. A aquisição pelas Organizações Sol Panamby representou não apenas uma mudança de controle administrativo, mas uma guinada estratégica no posicionamento da rádio. Rebatizada como Nova Record FM, a emissora passou a dialogar com um público completamente diferente daquele que a acompanhava desde a década de 1970.

O momento representou uma ruptura no grupo. Enquanto a rádio Record FM mudava de dono, a AM e a TV Record permaneciam com os sócios originais – pelo menos por mais um ano.

A nova programação da “Nova Record FM” apostou em gêneros mais populares e em sintonia com as tendências da época: Dance Music, Pop Internacional e sucessos nacionais que conquistavam as pistas e as paradas de sucesso. O movimento acompanhava uma transição que já era sentida em várias capitais brasileiras, onde as rádios FM ganhavam espaço entre os mais jovens por oferecerem som estéreo de alta qualidade e faixas que embalavam o cotidiano urbano.

Essa adaptação não foi exclusiva da FM Record. Naquele mesmo período, emissoras como Jovem Pan FM, 97 FM e Transamérica também experimentavam a transição de suas grades para atender a um público mais jovem e consumidor de novidades musicais. A FM Record se inseriu nesse movimento com agilidade, reformulando seu time de locutores, investindo em vinhetas modernas e promovendo eventos que buscavam estreitar laços com a audiência juvenil.

Esse novo momento permitiu à rádio conquistar um novo nicho de ouvintes, ampliando sua relevância no dial paulistano e demonstrando uma capacidade notável de reinvenção. O foco passou a ser não apenas o conteúdo musical, mas a construção de uma marca que representasse dinamismo, atualidade e espírito jovem.

No entanto, a rádio passou por outras transformações ao longo da década de 1990. Como a TV Record e a rádio Record AM foram vendidas no final de 1989 para o bispo Edir Macedo (da igreja Universal), em uma transação envolta em diversas polêmicas, o grupo Sol Panamby optou por tirar o nome “Record” da rádio, passando a assinar como “Nova FM” a partir de 1992. 

Em 1996, a rádio passou por uma mudança de direção artística, abandonando o público jovem e passando a adotar uma programação de músicas antigas (flashback’s), migrando a programação para atender ao segmento chamado “adulto contemporâneo”.

Em 1999, com o arrendamento da Rádio Musical FM, cuja programação era focada em MPB, a Nova FM foi rebatizada como “Nova Brasil FM” e passou a adotar a MPB como carro chefe de sua programação.

O legado da FM Record: influência e inspiração para o rádio brasileiro

A trajetória da FM Record, entre 1977 e 1989, é um exemplo eloquente de como o rádio brasileiro soube se adaptar em diferentes momentos de sua história. A Record, até então uma AM popular, passou a adotar no FM uma proposta adulta e sofisticada, acompanhando as transformações culturais, tecnológicas e mercadológicas que marcaram o Brasil durante aquelas décadas.

O legado da FM Record se reflete na segmentação da programação radiofônica, na valorização da identidade musical das estações e na aposta contínua em inovação como ferramenta para fidelização do público.

Embora a FM Record, em sua configuração original, não exista mais, sua contribuição permanece viva no modo como rádios contemporâneas estruturam suas grades, dialogam com diferentes faixas etárias e respondem rapidamente às mudanças do cenário musical. A emissora também cumpriu papel fundamental na formação cultural de seus ouvintes, ao apresentar artistas e estilos que muitas vezes não tinham espaço em outras mídias.

Por fim, 

A história da FM Record é um exemplo da força e da versatilidade do rádio brasileiro. Ao longo de 12 anos, a emissora acompanhou e moldou transformações culturais, artísticas e mercadológicas. Sua capacidade de adaptação, desde a curadoria adulta até a guinada jovem e pop (já sob outra gestão), mostra como é possível inovar sem perder a essência. A FM Record foi mais do que uma frequência no dial paulistano: foi um reflexo das transformações vividas por toda uma geração.

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