Poesia Urbana: Arte, Identidade e Expressão nas Esquinas

Poesia Urbana: Arte, Identidade e Expressão nas Esquinas - Ruído Visual #7

A poesia urbana, termo que define uma forma de expressão artística nascida da observação sensível da cidade e de seus personagens, ganha voz e imagem na sétima edição do programa Ruído Visual. Produzido originalmente em 2004 pelos jornalistas Kleber Gutierrez e Paulo Pelicano (1952-2009) para a então emergente Art Haus TV, o episódio é um registro raro da arte marginal e da literatura viva que brota das ruas de São Paulo.

A cidade de São Paulo, muitas vezes considerada um espaço hostil para a poesia, é retratada através de entrevistas e declamações que revelam diferentes pontos de vista. Poetas e artistas compartilham suas experiências sobre como a arte poética pode ser uma forma de resistência e expressão. Além disso, o episódio destaca a diferença entre o cenário paulistano e o carioca, onde eventos como saraus e debates literários possuem uma presença mais forte.

A edição também traz reflexões sobre identidade, mídia e expressão artística. Poemas declamados e discussões filosóficas permeiam o episódio, abordando temas como Dionísio, a fertilidade e a renovação, trazendo um olhar profundo sobre a importância da poesia na vida moderna.

Com poucos recursos técnicos, mas grande inventividade e olhar apurado, Ruído Visual mescla jornalismo literário, entrevistas espontâneas e performances poéticas para revelar como a poesia ainda pulsa nas esquinas, nas vozes dos poetas de rua, nos versos declamados em bares e praças, nos sentimentos comuns convertidos em arte. Ao longo do episódio, acompanhamos falas e trechos de apresentações de poetas e artistas urbanos que refletem sobre o estado da poesia na cidade, sua aparente invisibilidade e sua força de resistência.

O olhar do jornalismo literário sobre o cotidiano poético

A edição número 7 de Ruído Visual não pretende explicar a poesia urbana, mas sim provocá-la. A linguagem do vídeo rompe com o modelo tradicional televisivo: não há narração didática, nem estrutura engessada. O programa é montado como uma colagem sensorial que une imagens, música e palavras para criar uma experiência imersiva. Esse formato é resultado direto da abordagem do jornalismo literário, técnica que Kleber Gutierrez, que também é poeta, e Paulo Pelicano adotavam com maestria em seus trabalhos.

Pelicano, que também editava o boletim Comunicadores — considerado por muitos como um dos primeiros blogs do país —, utilizava o audiovisual como extensão de sua escrita, construindo narrativas que davam voz aos excluídos da mídia tradicional. Ao lado de Kleber Gutierrez, ele transformou a limitação técnica da Art Haus em estilo narrativo, fazendo da simplicidade uma aliada na aproximação com o público.

Poesia Urbana: A cidade como território poético

A edição número 7 mostra que São Paulo, mesmo com sua pressa, caos e concreto, ainda guarda espaço para a beleza e para o encantamento. A poesia urbana que emerge do programa revela o olhar de quem consegue ver além da superfície da metrópole: artistas que fazem da palavra um ato de ocupação simbólica da cidade, tornando-a mais humana.

Nas palavras dos próprios poetas apresentados no programa, “a poesia está adormecida, mas ainda vive”. E, ao assistirmos ao episódio, temos a certeza de que ela vive não apenas nas rimas ou nos versos bem construídos, mas também nos gestos cotidianos, nos brados silenciosos, nos olhares atentos. Vive em cada esquina onde alguém ousa transformar sua dor ou amor em palavra.

Episódio 7 - Janeiro ou fevereiro de 2004. Fonte: Canal RedeUltra (Canal de acervo mantido pela TeleObjetiva)

A TeleObjetiva e a preservação da memória cultural

O conteúdo do programa, hoje considerado um documento histórico da comunicação alternativa, faz parte do acervo da TeleObjetiva, que se dedica à recuperação e preservação de produções independentes feitas nas primeiras décadas do audiovisual digital por profissionais que hoje estão na direção da empresa. Ao disponibilizar novamente esse material, a TeleObjetiva garante que futuras gerações possam conhecer uma produção cultural intensa, mesmo realizada com parcos recursos, mas rica em conteúdo e relevância artística.

Ruído Visual é um exemplo da potência criativa que emerge quando comunicação e arte se encontram em sua forma mais crua. Ele documenta não só a poesia em si, mas os contextos sociais, os ambientes e os sentimentos de um tempo — ecoando até hoje com força, especialmente em um mundo onde a cultura urbana é frequentemente marginalizada ou esquecida.

Rever Ruído Visual é mais do que consumir um conteúdo cultural: é um ato de reencontro com uma São Paulo esquecida, com uma comunicação que rompe as barreiras do formato e se faz arte. É uma oportunidade de revisitar o legado de Paulo Pelicano, jornalista sensível e inquieto, e de seu parceiro de produção Kleber Gutierrez, que juntos deram voz à poesia urbana em tempos de silêncio midiático. Graças ao trabalho da TeleObjetiva, esse acervo ressurge como uma chama que insiste em iluminar as margens da cultura, onde tantas vezes nascem as expressões mais genuínas.

O resgate do Ruído Visual também permite reflexões sobre as transformações na comunicação e na produção de conteúdo ao longo das últimas décadas. Ao revisitar esse material, é possível perceber como o programa estava à frente de seu tempo ao discutir temas que ainda são relevantes nos dias de hoje.

plugins premium WordPress
Rolar para cima
Iniciar conversa
Gostaria de mais informações?
Olá. Podemos te ajudar?
Ao enviar uma mensagem para nós, teremos o seu contato para poder responder.

Nos comprometemos a não repassar o seu contato e a enviar mensagens estritamente necessárias.
TeleObjetiva
Privacy Overview

Nosso site utiliza cookies para prover à você uma melhor experiência de navegação pelo nosso conteúdo.

Os Cookies são armazenados em seu navegador e permitem aos nossos sistemas reconhecer sua navegação em nosso site. Também permite identificarmos quais sessões de nosso site são mais visitadas ou despertam o interesse de pessoas como você.