Você sofre de cólicas menstruais intensas que não melhoram com analgésicos? Ou sente dor fora do período menstrual? Você tem dificuldade para engravidar ou dor na relação sexual? Então você pode ter endometriose.
O que é a endometriose?
A endometriose é a presença de um tecido semelhante ao endométrio, a camada interna do útero, fora da cavidade uterina. Lembrando que o útero apresenta duas principais camadas: a camada muscular, chamada de miométrio, e a camada de revestimento interno – o endométrio.
É o endométrio o responsável pela menstruação no final de cada ciclo menstrual. Então, ele se expande na primeira fase do ciclo menstrual.
Depois, com a ovulação, ele ganha um padrão glandular, como se fosse para se preparar para a implantação do embrião, e descama, com ausência de fecundação. A endometriose é uma doença inflamatória crônica que está relacionada com o crescimento desse tecido fora do ambiente uterino, e pode acometer o peritônio, que é o tecido de revestimento dos órgãos, as tubas uterinas, os ovários e até o intestino, a bexiga e assim por diante.
A endometriose é uma doença extremamente prevalente na população feminina. Estima-se que uma a cada dez mulheres poderão ter esse diagnóstico ao longo da vida.
Quais os sintomas mais comuns na endometriose?
A endometriose é uma doença que está relacionada com um grande prejuízo na qualidade de vida da mulher pois está associada a quatro principais sintomas: cólicas menstruais intensas, que não melhoram com os analgésicos comuns; dor fora do período menstrual; dor na relação sexual, principalmente na profundidade (durante a penetração) e a infertilidade.
Outros sintomas que podem estar relacionados com essa doença são distensão abdominal intensa ou dores lombares; dificuldade ou desconforto para evacuar e frequente ardência ao urinar.
Como descobrir se você tem endometriose?
A endometriose geralmente não aparece nos exames ginecológicos de rotina. Por isso, precisa-se de uma suspeita clínica com esses sintomas e o exame físico-ginecológico, além de dois principais exames que podem nos ajudar com esse diagnóstico: o ultrassom traz vaginal, com preparo intestinal prévio e a ressonância magnética da pelve com gel vaginal e preparo intestinal.
Lembrando que esses exames devem ser feitos em lugares referenciados ou com profissionais especialistas nessa doença.
O que causa a endometriose?
Essa é uma pergunta que ainda não tem uma resposta tão clara, mas sabe-se que está relacionado com a genética da mulher e com seu sistema imunológico.
Mulheres que têm exposições prolongadas ao estrogênio, principal hormônio feminino, também está associado com o aparecimento dessa doença. Ou seja, mulheres que menstruaram muito cedo ou que tiveram a menopausa tardia, assim como mulheres que não tiveram filhos.
Qual o tratamento?
Uma mulher com essa doença precisa ser avaliada por uma equipe multidisciplinar. Inicialmente, temos que conversar com ela sobre as mudanças no estilo de vida, com dietas específicas e atividades físicas regulares.
Uma nutricionista vai ajudar a elaborar uma dieta mais anti-inflamatória. Fisioterapia pélvica é super importante: os fisioterapeutas vão ajudar com relaxamento da musculatura pélvica; Psicólogos e Psiquiatras também ajudam essa paciente a lidar com a dor crônica; e a acupuntura também pode ajudar nesse processo.
O tratamento da endometriose geralmente envolve bloqueio hormonal, seja com anticoncepcionais orais ou DIUs hormonais, para melhorar os sintomas da paciente e tentar evitar a progressão das lesões.
A cirurgia apresenta quatro principais indicações: a não melhora dos sintomas com esse tratamento hormonal ou a dificuldade para realizar esse tratamento hormonal; em alguns casos de infertilidade; Endometriose intestinal grave com casos de suboclusão ou oclusão intestinal e endometriose em alguns locais específicos, como apêndice, ureter e intestino delgado.
Vale lembrar que o tratamento cirúrgico deve ser realizado sempre por vídeolaparoscopia ou cirurgia robótica e deve envolver a remoção completa de todos os focos de endometriose encontrados.
Quais os tipos de endometriose?
A endometriose pode se apresentar como superficial, ou seja, cometendo apenas a camada de revestimento dos órgãos, que é o peritônio.
Há também a endometriose profunda, que é quando a doença acomete mais de 5 milímetros de profundidade do tecido que ela está cometendo.
Por fim há a endometriose ovariana, que é quando forma aquele cistos de ovário, chamados de endometrioma e outros tipos como a endometriose intestinal, endometriose de bexiga e de diafragma.
A endometriose pode voltar a ocorrer?
Infelizmente, pelo caráter genético da doença, a endometriose pode voltar. É por isso que as pacientes devem ser acompanhadas regularmente. Sabe se que uma cirurgia bem feita, com uma equipe especializada e com a remoção completa de todas as lesões, faz com que essa chance de voltar seja menor, mas mesmo assim exige um acompanhamento da paciente.
Se ficou alguma dúvida ou despertou o interesse maior em saber se essa doença? Me siga no Instagram (https://instagram.com/dreduardobaracat) e terei prazer em responder essa dúvida.
O Dr. Eduardo Baracat é médico ginecologista e obstetra, especialista em cirurgias ginecológicas por videolaparoscopia e histeroscopia. Formado pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, concluiu sua residência médica no Hospital Santa Casa de São Paulo e sua especialização em Videolaparoscopia Ginecológica e Histeroscopia na Faculdade de Medicina do ABC. É Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), Especialista em Videolaparoscopia Ginecológica e Histeroscopia (Endoscopia Ginecológica) pela FEBRASGO e Registro de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo CREMESP.
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