Artigo: A Record já foi do Silvio Santos?

A Record já foi de Silvio Santos?

O empresário e apresentador Silvio Santos teve uma fase marcante de sua carreira associada à Record, tanto na rádio quanto na televisão. Durante as décadas de 1970 e 1980, sua sociedade na Record trouxe uma contribuição significativa para a emissora e marcou um capítulo essencial na história da comunicação brasileira.

A chegada de Silvio Santos à Record

A Record, fundada em 1953 por Paulo Machado de Carvalho, já havia passado por seu auge nos anos 1960, mas enfrentava um cenário de crise no início dos anos 1970. Com dívidas crescentes e uma grade de programação repleta de reprises e conteúdos enlatados, a emissora buscava novas soluções para se reerguer.

Em 1971, Silvio Santos adquiriu, de forma anônima, 50% das ações da Record. Naquela época, o apresentador tinha contrato com a Rede Globo, no qual ele comprova horário na programação de domingo e o impedia de ser sócio ou dono de emissoras de Rádio ou TV.

A negociação para compra de 50% da Record foi feita por meio do empresário Joaquim Cintra Gordinho, fazendeiro de Amparo (interior de São Paulo).O fazendeiro comprou as ações que estavam em posse da siderúrgica Gerdau (empresa que tinha planos de investir em comunicações, mas logo desistiu) para, posteriormente, repassá-las ao apresentador quando Silvio estivesse livre do vínculo e das obrigações com a Rede Globo. Este movimento estratégico garantiu a entrada do apresentador como sócio da emissora, compartilhando a administração com Paulo Machado de Carvalho. Diferentemente do que muitos pensam, Manoel de Nóbrega, amigo próximo de Silvio, nunca foi sócio da Record.

A chegada de Silvio Santos trouxe uma nova dinâmica à emissora. Com sua expertise no entretenimento popular, ele iniciou uma revitalização da grade de programação, que buscava atrair novamente a audiência e reverter a situação financeira.

O impacto de Silvio Santos na Record

Silvio Santos foi responsável por popularizar formatos que dialogavam diretamente com o público, fortalecendo a presença da emissora no mercado. Além de manter seu programa dominical, que já era líder de audiência, ele investiu em atrações de apelo popular, diversificando o conteúdo da Record e buscando reconquistar o público perdido.

Apesar das dificuldades financeiras, a Record conseguiu estabilizar-se parcialmente durante esse período, muito em função do sucesso do programa de Silvio e de sua habilidade em atrair patrocinadores e parceiros comerciais. No entanto, a emissora ainda enfrentava concorrência acirrada de outras redes, como a Globo, a Tupi e a emergente TV Bandeirantes.

Ao assumir-se sócio da Rádio e TV Record, Silvio transferiu seu programa de rádio, até então veiculado pela Rádio Nacional de São Paulo (futura Rádio Globo) para a Rádio Record AM.

A sociedade também viabilizou o lançamento da Record FM (atual Rádio Nova Brasil FM de São Paulo), em 1977. A emissora permaneceu no grupo até 1988, quando foi vendida.

FM Record - 89,7Mhz - São Paulo

A transição de Silvio Santos para sua própria rede.

Na Record, Silvio estava impedido de comandar o setor artístico, o qual permanecia nas mãos dos Machado de Carvalho. Embora tivesse papel central na empresa, Silvio Santos já planejava lançar sua própria rede. Essa transição começou a ganhar forma em meados da década de 1970, quando ele adquiriu concessões de canais no Rio de Janeiro (TVS, 1975) e em cidades do interior. Essas concessões, somadas às concessões licitadas após o fechamento da Rede Tupi, culminaram no lançamento oficial do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) em 1981, consolidando sua independência no setor.

Com a criação do SBT, Silvio Santos diminuiu gradativamente sua participação ativa na Record, focando seus esforços na construção de uma rede que refletisse sua visão única de comunicação. Ainda assim, sua contribuição para a Record deixou um legado importante em sua trajetória.

Em novembro de 1989, os sócios da Rádio Record AM e da TV Record acertaram a venda da emissora para o empresário e líder religioso Edir Macedo.

Por fim…

O período de Silvio Santos como sócio da Record foi decisivo tanto para a trajetória da emissora quanto para o próprio apresentador. Sua entrada ocorreu em um momento de crise, mas sua visão empreendedora e sua popularidade ajudaram a manter a Record em atividade e a consolidar sua imagem como um dos maiores comunicadores do Brasil. Esse capítulo ilustra como Silvio foi capaz de transformar desafios em oportunidades, preparando o terreno para a criação de sua própria emissora e marcando a história da comunicação brasileira.

Para saber mais: dentre outras obras, a compra da Record por Silvio Santos está documentada nos livros: A Fantástica Historia de Silvio Santos; O Marechal da Viótria e “Ninguém faz sucesso sozinho”.

No canal “TV Formosa ” do YouTube a história é documentada nos dois vídeos abaixo.

plugins premium WordPress
Rolar para cima
Iniciar conversa
Gostaria de mais informações?
Olá. Podemos te ajudar?
Ao enviar uma mensagem para nós, teremos o seu contato para poder responder.

Nos comprometemos a não repassar o seu contato e a enviar mensagens estritamente necessárias.