A importância da comunicação se reflete em cada aspecto de nossas interações diárias, sendo fundamental para a construção de sociedades coesas e colaborativas.
Sob a perspectiva da filosofia da comunicação, é muito mais do que a simples troca de informações; ela é um ato essencialmente interpretativo e simbólico, que estrutura nossa percepção do mundo e molda as relações sociais. Filósofos como Roland Barthes (1915-1980) e Jürgen Habermas destacam que a comunicação não é neutra, mas carregada de significados, intenções e poderes implícitos, influenciando a forma como compreendemos a realidade. Barthes, por exemplo, explora a semiologia como um meio de decifrar os signos e narrativas que permeiam nossa cultura, enquanto Habermas enfatiza a necessidade de uma comunicação dialógica e livre de distorções, onde o entendimento mútuo possa ser alcançado por meio da razão. Dessa forma, a filosofia da comunicação nos leva a refletir sobre os desafios da era digital, onde a velocidade da informação muitas vezes supera a profundidade da análise crítica, e nos convida a resgatar um modelo de comunicação mais autêntico, questionador e significativo. A importância da comunicação é um tema central nesse contexto, uma vez que se torna essencial para a construção de diálogos verdadeiros e eficazes.
A partir desta perspectiva, os jornalistas Paulo Pelicano e Kleber Gutierrez estiveram na USP (Universidade de São Paulo) em dezembro de 2003, acompanhando uma aula da pós-graduação em Filosofia da Comunicação e produziram esta edição do programa “Ruído Visual“: a importância da comunicação sob a ótica da filosofia da comunicação.
Comunicação: um ato de pensamento e interação humana
A comunicação está presente em todas as interações humanas, mas será que a utilizamos de maneira eficiente? Esse é o tema central do episódio 3 do programa Ruído Visual, que resgata discussões profundas sobre o papel da comunicação na sociedade. Com uma abordagem filosófica e crítica, o episódio destaca a entrevista com a professora Glória, doutora em Ciências da Comunicação, que explora o conceito da comunicação como um ato de pensamento e ferramenta essencial para a construção do conhecimento.
Glória aponta a superficialidade como um dos maiores problemas da comunicação contemporânea. Ela defende que os meios acadêmicos e a sociedade em geral precisam assumir maior responsabilidade na promoção de um debate mais profundo sobre a importância da comunicação. Além disso, a professora critica o uso ineficiente da internet, ressaltando que essa poderosa ferramenta de democratização do conhecimento tem sido subutilizada. Seu alerta é claro: precisamos questionar, debater e ampliar a compreensão da comunicação para além das mensagens rasas e imediatas.
Características do episódio: desafios e reflexões sobre a importância da comunicação
O episódio Ruído 3 vai além da entrevista com a professora Glória e apresenta diferentes perspectivas sobre a importância da comunicação na vida cotidiana. Pessoas comuns compartilham suas experiências, revelando os desafios enfrentados no dia a dia. Questões como preconceito, barreiras comunicacionais e a busca pela compreensão total são exploradas, mostrando como a comunicação pode ser tanto um meio de conexão quanto um obstáculo.
Um dos pontos altos do episódio é a discussão sobre a semiologia e a obra de Roland Barthes. O programa questiona como os conceitos desenvolvidos por Barthes podem ser aplicados à comunicação atual e destaca a necessidade de analisar a profundidade das mensagens. Em um mundo onde as informações circulam rapidamente e muitas vezes sem reflexão crítica, compreender os múltiplos significados da linguagem é um exercício essencial.
Além da teoria e das entrevistas, o episódio também traz sugestões culturais que reforçam o papel da comunicação na sociedade. O livro O Aleph, de Jorge Luis Borges, e o filme Os Guarda-Chuvas do Amor, são apresentados como exemplos de como a literatura e o cinema podem ser formas ricas de expressão e diálogo. Essas indicações culturais complementam a proposta do programa de estimular o público a refletir sobre a comunicação de maneira mais ampla e profunda.
Resgate do programa Ruído Visual: um olhar crítico sobre a comunicação
Produzido entre dezembro de 2003 e dezembro de 2004 pelos jornalistas Paulo Pelicano (1952-2009) e Kleber Gutierrez, o programa Ruído Visual adotava uma abordagem inovadora e autêntica sobre a importância da comunicação no mundo atual. Gravado com uma câmera VHS-C e sem pautas pré-definidas, o programa seguia a máxima “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, explorando a comunicação sob diferentes perspectivas por meio do Jornalismo Literário.
Agora, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, a TeleObjetiva está resgatando as edições do programa, trazendo ao público reflexões ainda mais atuais sobre a comunicação. Em uma era dominada pela informação digital e pela superficialidade das redes sociais, as discussões levantadas pelo Ruído Visual permanecem relevantes. A necessidade de aprofundar conceitos, questionar narrativas e explorar a comunicação em sua essência continua sendo um desafio constante.
Seja na academia, na mídia ou no dia a dia, a comunicação é um processo essencial para o entendimento mútuo e para a construção de conhecimento. O resgate do programa Ruído Visual é uma oportunidade valiosa para revisitar esses debates e refletir sobre como podemos aprimorar nossas interações no mundo contemporâneo.
Professor universitário desde 2005, é mestre em comunicação e especialista em criação visual e multimídia. Trabalhou em importantes faculdades e colégios técnicos de São Paulo e Santo André. Radialista de formação, teve passagem por emissoras de TV e Produtoras de TV e Internet. Atualmente dirige a TeleObjetiva e coordena os cursos de Rádio, TV e Internet; Produção Audiovisual e Fotografia da FAPCOM, além da comissão própria de avaliação (CPA) da instituição.