Sangramento menstrual intenso e prolongado, cólicas menstruais muito fortes ou dor na relação sexual podem ser sinais de adenomiose, que é a presença de células semelhantes ao endométrio, a camada interna do útero, no miométrio, a maior camada do útero.
O útero é composto principalmente por essas duas camadas: o endométrio – a camada mais interna e que descama na menstruação, e o miométrio, que é a camada muscular do útero, responsável pelo controle do fluxo menstrual.
A adenomiose é a infiltração dessa camada muscular por um tecido semelhante ao endométrio. Essa infiltração pode existir em duas principais formas: a forma difusa, que é a forma mais comum; e a forma focal, que é como se fossem nódulos de células endometriais envolto por músculo liso – o que chamamos de adenomiomas.
O que causa a adenomiose?
São várias as hipóteses que tentam explicar a causa da adenomiose. A mais aceita é que há uma invaginação da camada endometrial basal para o interior do miométrio, ou seja, o endométrio se projeta e se infiltra na camada muscular do útero, aumentando a região de transição do miométrio e endométrio.
Quais são os sintomas mais frequentes?
Como a adenomiose está relacionada com o aumento do volume do útero e o aumento dessa área de transição de endométrio para miométrio, os principais sintomas são:
– aumento do fluxo menstrual ou da duração da menstruação
– cólicas menstruais intensas que não melhoram com analgésicos comuns.
– dor na relação sexual e,
– mais frequentemente, a infertilidade: ou dificuldade da mulher em engravidar.
Como fazer para descobrir se você tem adenomiose?
O diagnóstico da adenomiose pode ser feito por um ultrassom transvaginal simples em casos de adenomioses existentes ou realizadas por profissionais especialistas.
Porém, o principal exame para o diagnóstico da adenomiose é a ressonância magnética da pelve, que além de ser um exame mais preciso, pode trazer mais detalhes sobre o padrão de doença que a paciente vai apresentar.
Quem pode ter a doença?
A adenomiose geralmente acomete mulheres acima de 35 anos ou mulheres com gestações anteriores e com parto cesárea ou outras cirurgias uterinas prévias, como a miomectomia e a curetagem uterina; mas também pode acometer mulheres mais jovens e sem filhos.
A Adenomiose também está relacionada com a exposição prolongada ao estrogênio, o principal hormônio feminino.
Qual o tratamento?
O tratamento da adenomiose pode envolver o uso de anticoncepcionais hormonais, o uso do DIU, que nesse caso o ideal é o de Mirena, e a cirurgia.
O uso de anticoncepcionais hormonais e do DIU Mirena tem o intuito de levar a mulher a amenorréia, ou seja, fazer a mulher parar de menstruar.
A cirurgia geralmente é relacionada à adenomiose focal, com a tentativa de retirada desses nódulos de adenomioma. Ela pode ser feita por videolaparoscopia ou por histeroscopia, dependendo da localização desses nódulos e do quadro da paciente.
Como a adenomiose é uma doença restrita ao útero, a histerectomia, ou seja – a retirada do útero, é o tratamento definitivo da doença e pode ser realizado preferencialmente por videolaparoscopia.
Para casos de infertilidade devido a adenomiose difusa, o tratamento deve ser avaliado individualmente, muitas vezes com auxílio de especialistas em reprodução humana.
A adenomiose e endometriose são a mesma coisa?
Não! A adenomiose não é apenas a endometriose do útero como muitos falam. São doenças diferentes com fisiopatologia diferentes e às vezes o tratamento é distinto.
A adenomiose é uma doença restrita ao útero, enquanto que a endometriose pode atingir outros órgãos. Porém essas duas doenças podem coexistir. Por isso que é importante uma avaliação adequada da pelve com exames confiáveis para podermos descartar a endometriose associada com a adenomiose
Bom pessoal, esse foi um panorama sobre a adenomiose. Mas se você tiver mais dúvidas ou interesse na doença me siga no Instagram (https://instagram.com/dreduardobaracat). Faça sua pergunta e a gente conversa mais por lá. Abraços.
O Dr. Eduardo Baracat é médico ginecologista e obstetra, especialista em cirurgias ginecológicas por videolaparoscopia e histeroscopia. Formado pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, concluiu sua residência médica no Hospital Santa Casa de São Paulo e sua especialização em Videolaparoscopia Ginecológica e Histeroscopia na Faculdade de Medicina do ABC. É Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), Especialista em Videolaparoscopia Ginecológica e Histeroscopia (Endoscopia Ginecológica) pela FEBRASGO e Registro de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pelo CREMESP.
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