O Campẽao de Audiência, biografia de Walter Clark, narra os bastidores da TV, do futebol e do cinema brasileiro.

Walter Clark (1936-1997) foi o segundo diretor-geral da TV Globo. Foi contratado no final de 1965 para organizar o canal do Rio de Janeiro. Trouxe para a Globo ideias as quais não conseguiu implantar na TV Rio, como uma programação com horários rígidos, uma política comercial eficiente e a rede nacional com programação unificada.

Ficou na Globo até 1977. Os detalhes de sua saída e de sua carreira e vida pessoal foram eternizados no livro “O campeão de audiência”, biografia escrita por ele e pelo jornalista Gabriel Priolli em 1991 (editora Best Seller).

Em 2015 o livro foi reeditado pela Summus Editorial e ganhou nova capa, a que abre este artigo.

Gabriel Priolli, co-autor do livro, comentou em entrevista à TV Cultura (vídeo no final deste artigo) que a carreira de Walter foi dividida em 3 períodos de 20 anos cada: sua infância e chegada aos meios de comunicação nos primeiros 20, rápida ascenção e consolidação como um importante diretor de televisão entre os 20 e 40 anos e a fase de decadência entre os 40 e 60 anos. O livro aborda com franqueza as três fases.

Escrito em primeira pessoa, Clark relata como chegou à TV Rio e estruturou o departamento comercial da emissora. Após a inauguração da TV Excelsior de São Paulo, estudou o conceito de grade de programação horizontal e vertical que a nova emissora propunha e o levou para TV Rio, de forma que, quando a Excelsior inaugurasse seu canal na cidade, o conceito organização de programação que foi visto como uma grande revelação em São Paulo não seria novidade. A cópia deu uma sobrevida à TV Rio, mas sua má administração e inauguração da Excelsior na cidade contribuiram para seu declínio.

Sua chegada à Globo se deu após vários desgastes com o dono da TV Rio, João Batista do Amaral (também conhecido como Pipa Amaral). Sua política de comercialização dos espaços publicitários da emissora, a consolidação de uma rede de TV comandada pelo canal do Rio de Janeiro, a unificação da programação e a divisão de receitas fez da Globo a principal rede de televisão já na virada da década de 1960 – posto que ela nunca abandonou.

Outro ponto importante que Walter e Priolli traz em sua obra foi a opção da Globo por uma programação popular, em seus primeiros anos, sendo gradativamente substituída por programas com melhor acabamento estético e de conteúdo. Dizia que “o aparelho TV e a produção de programas eram caros e a programação deveria justificar o investimento feito pelo público e pelo anunciante”. Também dizia que a programação deveria estar um passo além do que o público quer, como forma de melhorar o conhecimento do público.

Detalhes curiosos e inimagináveis dos bastidores da TV Rio e Globo são revelados no livro. A precariedade técnica das emissoras, a relação da Globo com os militares, a contratação de artistas e como o governo federal obrigou o lançamento da televisão a cores no Brasil são abordados em linguagem direta, como uma conversa entre dois amigos. Até detalhes de sua sua vida íntima e da vida íntima de Roberto Marinho (1904 – 2003) são tratados no livro.

Ao ser demitido da Globo, investiu e decepcionou-se com o cinema nacional. Walter também foi dirigente do Flamengo. Voltou à televisão em 1981, para dirigir a Rede Bandeirantes. Ficou menos de um ano: desentendeu-se com o então presidente do grupo, João Jorge Saad (1919-1999) e com a cultura da Bandeirantes em favorecer profissionais que estavam no grupo há muito tempo, mas que não contribuiam para o crescimento da empresa.

Walter foi também produtor de teatro na década de 1980, ao trazer ao Brasil a peça “A Chorus Line”. À época uma super-produção trazida da Broadway que o levou à falência.

Contratado pela Igreja Batista de Niteroi, foi responsável por colocar no ar a ‘nova’ TV Rio (1988), canal concedido aos pastores da igreja no início da década. Formatou uma programação para a TV baseada no dinamismo das rádios FM e nos poucos recursos que o canal tinha então. Sua última passagem em televisão foi como presidente da TV Educativa do Rio de Janeiro (TVE), durante o governo Collor.

Walter Clark faleceu no Rio de Janeiro em 1997, de ataque cardíaco, sem conseguir realizar o sonho de voltar para a Rede Globo

Saiba mais sobre Walter Clark

Programa produzido pela TV Cultura na ocasião de seus 30 anos (1999), com trechos das entrevistas de Walter Clark e Chacrinha (Abelardo Barbosa) ao programa Vox Populi. No programa o jornalista Gabriel Priolli, co-autor da biografia “O Campeão de Audiência”, comenta sobre a obra e os ideiais de Walter Clark.
Entrevista de Walter Clark comentando sobre a programação que a ‘nova’ TV Rio iria levar ao ar a partir de 1988.
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